DOIS MESES NO BRASIL: UM REENCONTRO COM MINHAS RAÍZES

Passei dois meses no Brasil. Dois meses que mexeram profundamente comigo.

Foi mais do que uma viagem — foi um reencontro. Dentro de mim, tantas coisas aconteceram: novas descobertas, sentimentos que renasceram, pensamentos que mudaram. Senti como se, aos poucos, estivesse “perdoando” a minha própria história e fazendo as “pazes” com o meu Brasil. E, nesse processo, voltei a ser brasileiro.

Resgatei minhas raízes, minha cultura, minha origem. Voltei a sonhar. Voltei a viver. Voltei a ser feliz. Sabe aquela felicidade genuína, que só os brasileiros têm? Eu acho que a tinha perdido. Mas reencontrei. Agora, enquanto me preparo para voltar a Portugal, carrego comigo uma certeza: quero ser, cada vez mais, brasileiro.

UM BRASIL DENTRO DE MIM

Comi frutas que despertaram memórias antigas. Sabores guardados lá no fundo da alma. Li três livros, ouvi muita música de raiz nordestina, conheci artistas incríveis, fiz novas amizades.

Fui atrás do trio elétrico. Cantei. Gritei.

Ri tanto que meu rosto e minha barriga doíam.

Mergulhei em praias de água fervendo, me entreguei ao calor intenso — cheguei a tomar cinco banhos por dia!

Mas não era só o corpo que se lavava. Era a alma.

Amar é Também Pertencer

Eu amei. E fui muito amado.

O Brasil tem um jeito diferente de ser.

É o sorriso das pessoas, a simplicidade no dia a dia, a tapioca no café da manhã, o cuscuz quentinho, o café passado na hora, a água de coco na beira da praia.

São as cores, os cheiros, o céu… tudo pulsa diferente por aqui.

Por mais que eu tente descrever tudo isso em palavras, nada se compara ao turbilhão de emoções que senti. Há coisas que só se vive, não se explica.


O MEDO DE FICAR (E O DESEJO DE VOLTAR)

Confesso: eu tinha medo do Brasil.

Mas era um medo estranho — o medo de querer ficar.

Um medo bom. Aquele que te faz desejar voltar, e voltar, e voltar…

Agora, a hora de partir está chegando. E a sensação é clara: metade de mim, e do meu coração, vai ficar.

ENTRE DOIS AMORES

Eu amo Portugal.

Mas também amo — com toda força — o meu Brasil.

E amo, mais ainda, ser brasileiro.

Esse foi mais do que um tempo no meu país de origem.

Foi um reencontro comigo mesmo.

E, no fundo, uma promessa silenciosa: eu voltarei. Sempre.


Texto e fotografias: (bruno saavedra 2025)