Oriente lembra sempre exotismo e fascínio. Os olhos enchem-se de um mundo aparentemente tangível, mas frequentemente difícil de compreender. Bruno Saavedra viveu quatro anos em Macau e, dessa vivência, ficou uma curiosidade, um desejo de entendimento por realizar. Quando, entre 2016 e 2017, realizou o projeto Made in China, foi como se o apelo desse mundo tão especial se materializasse de novo, agora numa Lisboa onde dezenas de nacionalidades vivem lado a lado e interagem sem se conhecerem realmente. E o resultado são muitos olhares – tantos quantos os chineses que ali trabalham revelaram ou esconderam.
Expor Made in China em Macau começou por ser um retorno, um reavivar de memórias, um tributo a uma terra em que viveu e acabou por se tornar no começo de um novo ciclo criativo. Explorando as hipóteses de uma técnica que habitualmente não utiliza – a fotografia analógica 35mm – Bruno Saavedra decidiu embrenhar-se por caminhos novos com um olhar cada vez mais curioso sobre uma cultura e uma paisagem que, afinal, lhe são muito mais familiares do que pensava.
China, China, China é uma expressão emocionada perante cada pormenor de algo incomensurável. O eco parece evocar o deslumbramento das imagens e simultaneamente a incapacidade de tudo capturar. Neste novo trabalho na China, reconhece-se o fotógrafo, mas há já mais passos dados. O olhar dele guia o nosso: candeia que vai à frente alumia duas vezes.
